quarta-feira, 13 de junho de 2007


[Uma foto para que possam acompanhar o crescimento da minha ilustre cabeleira - ééé já tá grande!]

[Clique na foto para ampliar]


[Poema? Claro que tem! Sempre tem!
e o de hoje é de um dos meus poetas favoritos!]






PROCURA DA POESIA


Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um
sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

Carlos Drummond de Andrade


Retirei do livro - A Rosa do Povo - Que lí o ano passado - Página 24]


Por enquanto é só.
Aguardo comentários.

5 comentários:

Anônimo disse...

"Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço."

aah, muito bom *-*

mas eu ainda prefiro quando você posta poesias do meu poeta preferido :D

Anônimo disse...

Há! Eu sempre disse isso. Por que ele que fica famoso?

(Alguém responde: "porque tu não és poesia". xD)

Anônimo disse...

BEM GOSTEI DO SEU BLOGGER VIU RSRSRSRSR
tbm amu poesia rsrsrsrsrsr
tenhu muitas escritas por mim rsrsrsr
maix meu blogg é okulto prefiram ke naum leiam e se lerem ke naum saibam ke sou eu kem eskrevo...
é muitu partikular apesar de ke tudu nele esta okulto rsrsrsr
bem amei seu blogg seus poetas são escritores consagrados na minha consepção viu rsrsrrs
bjO da izzyh exe ultimo texto é bem legal rsrsrrs maix gostei foi da foitinha du era uma vez um amor...rsrsrsrs
ass: izzyh

Anônimo disse...

fazz tempo q num passo ai neh?!
hum..lindo komu sempre...
a poesiaa...rsrsrsrs
a fotenha tbm Rafaa!

te adoroooooooo

bjos

Unknown disse...

Oi amigoo!
xD~
como sempre tuas
poesias mt bala!
não lii tudoooooo
pq to sem paciencia
mais o inicio
msmo..
mas confio em tih!
aoskopsaoksa
sei que td que
tuh faz são pra
la de lindas ;]

bjoo te adoro ;*